domingo, 23 de outubro de 2011
Materia divulgada dia 22/10/2011, no Jornal Nacional, sobre o Perimetro Irrigado Icó-Lima Campos
Sábado, 22/10/2011
O sistema de irrigação, construído com dinheiro público, está abandonado há 12 anos no Nordeste. A terra poderia produzir o ano todo, mesmo durante o período de seca, mas não é o que acontece. Sem água, muitos agricultores desistiram das lavouras.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE *** Agricultores ocupam unidades do Dnocs
Concomitante a um movimento nacional, agricultores cearenses ocupam a sede do Dnocs em Fortaleza e Icó
Fortaleza/Icó. Cerca de 1.500 trabalhadores rurais ocuparam, na manhã de ontem, a sede Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), na Capital. Vindos de todas as regiões do Ceará, a mobilização faz parte de uma jornada nacional para cobrar um plano emergencial do Governo Federal para o assentamento de 60 mil famílias acampadas até o fim do ano. Reivindicações locais também entrarão em discussão com o Governo do Estado.Como a do agricultor Armandino Patrício, de 72 anos, que veio do Assentamento Guanabara, em Jaguaretama. "Moro a 16Km da barragem (Castanhão) e não temos direito a água de lá. Queremos uma adutora no assentamento. Vamos batalhar e lutar por isso", afirmou ele.Segundo a Assessoria de Imprensa da Via Campesina, os agricultores vão permanecer na sede do Dnocs, em Fortaleza e em outros Municípios, até que a pauta seja negociada. Uma reunião com diretores do órgão ficou agendada ainda para a tarde de ontem.Já em Icó, na região Centro-Sul, às 6 horas da manhã de ontem, cerca de 300 agricultores ocuparam o Dnocs no Município. Os colonos e irrigantes estão no pátio da instituição e também na sala da gerência local. "A nossa manifestação é por tempo indeterminado e depende das negociações com a direção do Dnocs em Fortaleza", explicou o secretário de Políticas Públicas do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó, Ireudo Félix.Espalhados pelo pátio, os agricultores reivindicam assistência técnica, revitalização e recuperação de canais e estradas dos Perímetros Irrigados, e são contrários à transferência dessas áreas produtivas para os Municípios. No caso específico de Icó, solicitam ainda a construção de um canal de transposição de águas por gravidade do açude Lima Campos para a irrigação de lotes que há 15 anos estão ociosos.Representantes de sindicatos dos Trabalhadores Rurais, Via Campesina e outros movimentos estão na ação.Participantes1500 trabalhadores rurais, aproximadamente, ocuparam, na manhã de ontem, a sede Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), na Capital, vindos de todas as regiõesMAIS INFORMAÇÕESDnocsAvenida Duque de Caxias, 1700Centro - Fortaleza (CE)Telefone: (85) 3391.5100Emanuelle Lobo/Honório BarbosaRepórteres
11ª PLENARIA ESTADUAL DA CUT-CE
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Famílias de perímetro irrigado ocupam sede do Dnocs em Icó *** Materia Publicada no Jornal o Povo. ** Fotos do portal Orós
Cerca de 300 famílias de agricultores do perímetro irrigado Icó-Lima Campos ocuparam na manhã desta terça-feira, 23, a sede do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) do município de Icó, no Centro-Sul cearense. Eles reclamam da falta de estrutura no perímetro, bem como de apoio do órgão. As informações são do correspondente do O POVO, Amaury Alencar.
Às 6 horas da manhã de hoje, o grupo saiu da sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Icó, para percorrer as ruas do município, com faixas e cartazes. Segundo os agricultores, 75% da área do perímetro, que é de 10 mil hectares, está sem produzir. Os insumos para as famílias estão vindo da Bahia. Mesmo com as dificuldades, atualmente são 1.500 famílias produzindo no perímetro, gerando cerca de sete mil empregos.Ainda de acordo com os trabalhadores, o perímetro encontra-se sucateado, com canais de irrigação e bombas quebradas.
Os agricultores dizem que só vão deixar a sede do Dnocs quando houver alguma negociação com o Governo Federal. Além de Icó, acontecem manifestações em Fortaleza e Brasília.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Grito da Terra 2011
terça-feira, 17 de maio de 2011
REUNIAO AGROAMIGO COM PARCEIROS EM ICÓ-CE
Aconteceu neste ultimo dia 16 de maio de 2011, na Sede do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Icó-Ce, uma reunião com parceiros do programa AGROAMIGO, onde contou com a participação de lideranças Comunitárias, Presidentes de Associações, Diretores Sindicais e pessoas da sociedade Civil, palestra esta ministrada pelos os Senhores André- Acessor AGROAMIGO e Francisco Lima - Coordenador do AGROAMIGO em nosso Município
Icozinho sem estradas *** POR: BLOG ICÓ É NOTICIA
Os habitantes do distrito de Icozinho, situado a 40 Km da cede municipal da cidade de Icó, estão praticamente ilhados.
Desta vez, não por causa de água, mas sim por causa das estradas que ligam o distrito à sede do município icoense.
Todos os meses circulam pela sede de Icó cerca de 30% da população do distrito. Essas pessoas procuram as agências bancárias da cidade, o Hospital Regional, a Secretaria de Saúde e de Educação de Icó, as Escolas Vivina Monteiro e CERE Padre José Alves de Macedo, Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Icó.
E sobre o comércio da cidade, essas pessoas são as responsáveis por quase 40% do capital financeiro que circula na cidade. A população do distrito se preocupa imaginando um caso de saúde que necessite se deslocar até a cidade ou a capital Fortaleza, pois as estradas estão totalmente destruídas.
O percurso de 40 Km que liga o distrito a cede do município, se feito de moto, gasta-se cerca de 2 horas e meia; o mesmo percurso realizado de ônibus exige cerca de 3 horas e 15 minutos de viagem.
Essa realidade periclitante coloca em risco a vida da população que todos os dias necessitam vir até sede municipal icoense. Os ônibus que viajam da zona rural até a área urbana trafegam transportando pessoas idosas, crianças, mulheres grávidas entre outras. Mesmo assim, não se sabe de nenhum projeto que tenha sido votado ou que esta sendo votado pela Câmara de Vereadores visando mudar essa realidade.
Essa problemática é notória mas poucos se dão ao trabalho de expor e criticar tamanha falta de respeito a um povo tão sofrido e que carece de apoio social e educacional.
* Texto escrito pelo professor Ednael Macedo, e publicado em seu blog
CURIOSIDADE - RESUMO HISTÓRICO DE ICOZINHO- MATERIA PUBLICADA POR PROF. EDNAEL MACEDO EM SEU BLOG.
A origem do nome e sua fundação
O primeiro nome dado ao atual distrito de Icozinho foi “Fazenda da Serra”, isso por que em tempos passados toda a região era uma mata desabitada e sem posseiros, consta-se pela história local que um grande fazendeiro de Brejo das Freiras o senhor João Pacheco, quando de sua procura por terras apropriadas para pasto ao gado encontrou essa mesma região virgem e pronta para consumo do gado onde deixa seu gado em algumas épocas do ano – uma fazendo improvisada, geograficamente o distrito fica exatamente entre duas serras em vale (Vale do Capim Pubo). Quando da morte do senhor João Pacheco, as terras da então Fazenda da Serra foram divididas entre a viúva e seu filho, algum tempo depois essas terras foram sendo vendidas pelos mesmo para famílias que aos poucos chegavam e fizeram dali sua morada.
Icozinho foi criado em 1977 e teve sua primeira casa construída pelo senhor Antonio Leonel de Oliveira.
Os templos religiosos
A primeira Igreja Católica a ser construída, ficava exatamente onde hoje é o salão paroquial, esta igreja foi edificada em um terreno doado pela esposa do senhor João Pacheco a pedido de seu filho, algum tempo depois esse templo religioso foi derribado e ao seu lado foi construída atual igreja católica, construída pelo senhor Mathias Alves no ano de 1852, também doador da imagem padroeira do distrito, Senhora Santana.
O primeiro templo evangélico teve sua construção iniciada em 1997 com conclusão em 2006.
Desenvolvimento Social e Político
Em tempos de outrora este distrito foi agraciado com uma delegacia, correio, mercado publico e locais de laser, o mercado publico fundado pelo então prefeito de Icó o senhor Aldo Marcose junto com a praça Senhora Santana, já tiveram tempos de glorias, atualmente o distrito de Icozinho passa por um descaso por parte do governo municipal e um sofrimento sem precedentes em razão de sua localização muito distante de sua cede municipal o município de Icó, a população sonha com a emancipação, o desenvolvimento, a democracia e melhoria de vida para todos.
quarta-feira, 4 de maio de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
PLANEJAMENTO 2011
O STTRICO-CE, realizou neste ultimo dia 21 e 22 de Janeiro de 2011, o Planejamento Anual, onde teve a participação de Delegados, Diretores do STTR-ICO.
O evento contou ainda com a participação do Secretário de Políticas Agrícolas da FETRAECE, o Sr. Luiz Carlos, onde com sua vultosa participação e colabora contribuiu para a realização do mesmo.
Veja fotos do evento clicando na imagem no topo.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Chuva atinge 163 dos 184 municípios cearenses
ENTENDA A NOTÍCIA
Choveu em todas as regiões do Ceará, da manhã de domingo até o início da noite de ontem, caracterizando-se ainda como chuvas da pré-estação de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos. A quadra chuvosa começa em fevereiro.
ONDE MAIS CHOVEU
Pacujá - 137 mm
Pires Ferreira - 135mm
Amontada - 126 mm
Graça - 122 mm
Horizonte - 107 mm
Trairi - 100 mm
Jaguaruana - 97 mm
Ipu - 94 mm
Lavras da Mangabeira - 91 mm
Mucambo - 90 mm
Icó - 87 mm
Tauá - 87 mm
Santa Quitéria - 84 mm
Tabuleiro do Norte - 82.4 mm
Orós 82 mm
Iguatu - 82 mm
Cedro - 81 mm
Ibiapina - 80 mm
Tianguá - 80 mm
Ibaretama - 77.6 mm
Reriutaba - 75 mm
Tauá - 72 mm
FONTE: Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Numeros referentes a Reforma Agrária em Icó-Ce.
SECRETARIA DE POLITICAS DE AGRARIAS DO STTRICO-CE
RELAÇÃO DE FAMILIAS ASSENTADAS PELO CREDITO FUNDIARIO NO MUNICIPIO DE ICÓ-CE.
ASSENTAMENTO MACAPA: 24 FAMILIAS
ASSENTAMENTO FAZENDA NOVA: 03
ASSENTAMENTO AGUA BRANCA: 04 FAMILIAS
ASSENTAMENTO BATOQUE, GLEBA 1,2,3: 16 FAMILIAS
ASSENTAMENTO LORETO: 13 FAMILIAS
ASSENTAMENTO FAZENDA DA SERRA PROSPERÁ: 11 FAMILIAS
TOTAL: 71 FAMILIAS
RELAÇÃO DE FAMILIAS ACAMPADAS PELO CREDITO FUNDIARIO NO MUNICIPIO DE ICÓ-CE.
P.A BERTIOGA: 06 FAMILIAS
P.A SALGADINHO, 1 E 2: 09 FAMILIAS
P.A MALHADA DA AROEIRA: 03 FAMILIAS
P.A MORADA NOVA: 06 FAMILIAS
P.A MUCURURE: 05 FAMILIAS
P.A RIACHO FUNDO: 04 FAMILIAS
TOTAL: 33 FAMILIAS
RELAÇÃO DE FAMILIAS ASSENTADAS PELO INCRA NO MUNICIPIO DE ICÓ-CE
ASSENTAMENTO BOM LUGAR: 25 FAMILIAS
ASSENTAMENTO CHICO MENDES: 86 FAMILIAS
ASSENTAMENTO ALEUDO: 64 FAMILIAS
TOTAL: 175 FAMILIAS
RELAÇÃO DE FAMILIAS ACAMPADAS PELO INCRA NO MUNICIPIO DE ICÓ-CE.
P.A MARIA DIAS: 146 FAMILIAS
TOTAL GERAL DE ASSENTADOS: 246 FAMILIAS
TOTAL GERAL ACAMPADO: 179 FAMILIAS
Biodiesel: Dilema Cerca Inclusão Social no Programa
Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e Petrobras Biocombustível (PBio) destacam passos dados e fazem projeções para incluir mais famílias. Acadêmicos e organizações veem série de problemas que seguem em aberto
Por Antônio Biondi* e Maurício Hashizume**
O desafio da inclusão social por meio da produção de agrocombustíveis continua em aberto. Enquanto representantes do governo federal – que idealizou e mantém há seis anos o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) – e da estatal Petrobras Biocombustível (PBio) – agente econômica de peso que vem atuando com força no setor desde 2009 – tendem a sublinhar passos no sentido da integração de pequenos produtores espalhados pelo país, analistas, pesquisadores da área e integrantes de movimentos sociais camponeses levantam um amplo rol de problemas e limitações relacionadas ao processo de incentivo e apoio à produção com efeitos reais para a superação do quadro de vulnerabilidade.
A questão dos efetivos reflexos no âmbito da conformação da sociedade esteve no centro das discussões do seminário ”Políticas públicas e inclusão social através dos biocombustíveis”, realizado no último dia 14 de dezembro, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de Sâo Paulo (FEA/USP). O evento, que contou com participação de diversos setores sociais, foi promovido pelo Núcleo de Economia Socioambiental (Nesa), ligado à FEA/USP, em parceria com a ONG Repórter Brasil, a Universidade Federal do ABC (UFABC) e a Universidade de Wageningen, da Holanda.
Na esteira da adesão ampliada de 103 a 109 mil famílias associadas nos 63 pólos de produção de biodiesel, Marco Antônio Leite, coordenador geral da área na Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), destacou o investimento do governo no suporte ao cooperativismo (com especial atenção no incremento da capacidade de gestão), na assistência técnica e na pesquisa e inovação.
De acordo com Marco Antônio, o MDA firmou ainda contratos com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a formação de equipes de profissionais (como engenheiros, advogados e economistas) que estarão circulando pelas regiões Nordeste e Centro-Oeste. Paralelamente, estão sendo montadas Unidades Técnicas Demonstrativas, Centros de Excelência (compartilhados com governos estaduais) e de Referência, com envolvimento de universidades e centros de pesquisas, que pretendem se dedicar a diversas análises que vão desde a formação de preços dos agrobombustíveis até à participação mais ampla da agricultura familiar na referida cadeia produtiva.
Apesar dos esforços, a atenção recebida pelos cultivos ligados ao biodiesel dentro do próprio governo ainda é pequena perto do que ocorre com outros “carros-chefe” como a sojicultura. O próprio coordenador do MDA realçou a existência de uma diferença dentro da Empresa Brasileira de Produção Agropecuária (Embrapa): “mais de uma centena” estão envolvidos com a soja e alguns poucos se dedicam à mamona.
Entre os principais avanços do PNPB, Marco Antônio destacou o aumento da adesão de agricultores familiares (principalmente no Nordeste), a reformulação de regras (novas instruções normativas), o monitoramento e a avaliação geral do programa (por meio de boletins trimestrais e publicações em revista), o estímulo ao crédito direcionado e a parceria com assentamentos da reforma agrária (48 projetos em Goiás e 52 em Mato Grosso).
Já entre os desafios, o representante do MDA citou a necessidade de aprovação de uma proposta tributária para desonerar a produção de biodiesel, de elaboração das normas referentes à integração das cooperativas ao programa, do incentivo maior ao desenvolvimento tecnológico e à gestão no campo; e da formalização do Selo Combustível Social em lei.
“O grande foco é a inclusão social. Existem dificuldades, mas o programa avançou bastante”, comemorou Marco Antônio.
Na mesma linha, Jânio Rosa, da Petrobras Biocombustível (PBio), buscou frisar o compromisso da empresa, que vem atuando há cerca de dois anos e meio no setor, para o fortalecimento do programa. Atualmente, a empresa mantém laços com mais de 60 mil agricultores familiares (30 mil por meio de cooperativas e 30 mil por meio de contratos individuais). “Inclusão social”, destaca Jânio, ”é inclusão econômica e financeira”.
Nesse sentido, para que a “inclusão econômica e financeira” de pequenos produtores seja efetiva, Janio ressaltou que “apenas benefício fiscal não funciona”. Segundo ele, culturas utilizadas para a produção dos biocombustíveis “não entram [normalmente] no ´mercado´” e exigem a adoção de uma lógica distinta, com vínculos que possam se estender ao menos por cinco anos e uma política de preços que atenda as famílias. No caso específico da mamona, o quilo, que chegou a custar recentemente apenas R$ 0,25 na cotação comercial, é comprado por R$ 1,25 pela PBio.
A empresa dispõe de uma série de dados que demonstram a evolução do engajamento e da abrangência de sua atuação, que tem como um dos focos a região da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) – que inclui, além da Região Nordeste, o Norte de Minas Gerais. Foram definidas metas de aumento de produção, produtividade e renda, com apoio a iniciativas de cooperativismo e segurança alimentar. Para os próximos anos, o investimento da PBio somente na área de pesquisas está previsto, nas perspectivas apresentadas por Jânio, em R$ 500 milhões.
Atualmente, a PBio mantém quatro usinas de biodiesel em operação e está ampliando mais uma unidade. A capacidade instalada de produção da empresa, alcança 550 mil m. A estatal também desenvolve dois projetos de dendê no Pará e entrou pesado no mercado de etanol de cana-de-açúcar. Dez usinas sucroalcooleiras compõem o leque da empresa, que se apresenta como terceiro maior grupo do país em volume de moagem.
“Queremos ser um dos cinco maiores produtores mundiais de biocombustíveis até 2020″, adiantou o representantes da empresa. Outra meta da PBio é aumentar a renda dos agricultores familiares parceiros no negócio de produção dos agrocombustíveis em até 20%.
Lógica e transição
Integrantes de organizações sociais e do círculo acadêmico adotam um discurso mais cético na análise da relação entre agrocombustíveis e inclusão social. Para eles, ainda existem muitas lacunas e resistências que complicam passos mais largos do PNPB no sentido de política pública que seja de fato um vetor para a inclusão social da camada pobre do país.
Um ponto importante, na visão de Romário Rossetto, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), diz respeito à diferenciação das iniciativas voltadas para a produção da agricultura familiar. Segundo ele, não se pode seguir as mesmas diretrizes empregadas em políticas destinadas à agricultura de caráter empresarial e comercial de larga escala.
A “lógica distinta” dos camponeses inclui o controle fundiário da terra, a utilização de força de trabalho familiar, a diversificação de cultivos e a preocupação com a sustentabilidade ambiental, seja por meio de produções consorciadas ou pela instalação de equipamentos como secadores solares e biodigestores. “São diferentes formas de sociabilidade”, disse Romário.
O MPA, que está presente em 17 Estados, vem desenvolvendo experiências que combinam o tungue com a criação de gado leiteiro. O movimento social adota princípios e práticas de “soberania energética”, com foco na autoprodução dos pequenos agricultores, na tentativa de apresentar e difundir alternativas ao modelo dependente do petróleo.
Como ponto de partida para o debate, o professor Ricardo Abramovay, da FEA/USP, avaliou que a definição de porcentagens cada vez maiores de biodiesel na composição do diesel combustível é relevante não apenas para ajudar na “descarbonização” da economia, mas também para a saúde dos moradores das grande metrópoles brasileiras.
Essa transição, contudo, tem sido acompanhada de uma série de problemas, segundo o mesmo professor. A proposta inclusiva e horizontal do PNPB - que parece ter surgido como contraponto ao caráter concentrador do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), lançado em 1975 para estimular o setor da cana – ainda não vingou na prática. Diante do universo heterogêneo da agricultura familiar brasileira, é possível notar o acúmulo de crédito no Sul e de programas de transferência de renda no Nordeste.
Outro tema preocupante é a dificuldade no quesito da diversificação dos cultivos utilizados como matéria-prima para o biodiesel. O predomínio absoluto da soja (seguido de longe pelo sebo bovino) mostra o tamanho do desafio, uma vez que quem está no ramo da sojicultura dificilmente pode ser considerado pobre. “É imensa a dificuldade de ´sair´ da soja. Não é simples substituir um cultivo que se tornou o que se tornou no Brasil após muito investimento e amplo ambiente favorável”, complementou Ricardo.
A elevada utilização porcentual da soja para a produção do biodiesel reacende ainda o conflito entre a necessidade geração de energia e a demanda por alimentos. ”Como ainda estamos no B5, [esse problema ainda] não tem tanta relevância. Mas com o B20 (20%) ou o B30 (30%), certamente terá”, explicou o acadêmico da FEA/USP.
Nesse contexto, o professor também considera crucial que o PNPB seja avaliado cuidadosa e transparentemente do ponto de vista de seus possíveis impactos socioambientais. A abertura para auditorias independentes e a incorporação de critérios confiáveis são algumas medidas indicadas para a elevação qualitativa da cadeia produtiva do biodiesel.
Sem negar a relevância do empenho da PBio, Ricardo vê a necessidade de maior engajamento do setor industrial e financeiro para dar mais consistência ao mercado e assegurar uma dinâmica própria que não seja forjada de modo artificial. Um dos principais estímulos está na própria atualidade da agenda: energia mais limpa e combate à pobreza.
Agenda de pesquisa
O seminário dedicou parte de sua programação ao debate mais específico das perspectivas de uma nova agenda de pesquisas relacionada ao tema. O pequisador Cesar Chappa, pesquisador da Universidade Nacional de San Martin (UNSM), em Tarapoto (Peru), apresentou um relato sobre projetos com pinhão-manso que vem avançando no país.
Segundo ele, há avanços interessantes em curso, inclusive no que tange à inclusão de pequenos produtores. No entanto, há também temores, como o aumento do assédio direcionado à posse das terras cultivadas pela agricultora familiar, o acirramento dos conflitos fundiários, os possíveis riscos de prejuízos às zonas ricas em biodiversidade etc. Esse mesmo zelo com relação aos impactos sociais e ambientais da expansão do biodiesel foi reforçado por Marcel Gomes, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis (CMA) da Repórter Brasil, que destacou um conjunto de problemas apontados especialmente no relatório da organização que avalia o PNPB.
Na visão de Otto Hospes, da Universidade de Wageningen (Holanda), o PNPB inaugurou, em termos de governança, uma nova relação entre Estado e setor privado. A forma como se consolidará a relação com os pequenos produtores, completa, continua sendo um desafio. Para Otto, é importante que, além das pesquisas de campo, de caráter mais investigativo, também haja projetos de investigação mais voltados para a parte teórica e reflexiva.
Um dos dilemas apresentados por Georges Flexor, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), foi o da busca pela conciliação entre a escala de produção de biodiesel (2,5 bilhões de litros, conforme a cota definida pelo B5) com ênfase na inclusão social de famílias da agricultura familiar. Esse paradoxo terminou abrindo espaço, salientou, a quem já tinha mercado e patamar de renda (produtores de soja). Ele insiste na relevância do desenvolvimento de metodologias de pesquisa para estudar questões como os tipos de associação com os produtores, os traços das diferentes envolvidas em projetos e as particularidades das culturas escolhidas.
Pelo menos seis pontos sensíveis quanto ao PNPB podem ser identificados, segundo Arilson Favareto, da UFABC). O primeiro deles consiste na já citada combinação entre estruturas sociais e mercados. O segundo enfoca os impactos socioambientais. A lacuna da pesquisa e desenvolvimento compõe o terceiro; seguido pelo quarto concernente à visão estratégica (que engloba tributos, investimento público e privado, política energética etc.).
O quinto ponto sensível tem a ver com o protagonismo concentrado na PBio (com todo o seu viés favorável, mas que também traz consequências não desejáveis), enquanto o sexto trata da dificuldade no acesso à informação, uma vez que ainda falta transparência. Na avaliação de Arilson, o conteúdo gerado no bojo da nova onda de incentivo ao PNPB tem a capacidade de contribuir para a formação de um ambiente de trocas e reflexões que, se bem aproveitado, pode ajudar o programa a se definr e a se consolidar.
*do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis
**Originalemnte publicada no site Repórter Brasil